Pena Branca fala sobre Carma

Os trabalhos desta semana foram feitos na força dos caboclos, e portanto Seu Pena Branca foi meu guia atuante para os atendimentos. É importante ressaltar que os caboclos da linha Pena Branca são extremamente doutrinadores, e gostam de apresentar temas e esclarecimentos constantemente. Por conta de um atendimento que fiz, fiquei matutando nesta questão de carma, e Seu Pena Branca veio então em meu auxílio.

O carma não é aquilo que vocês acostumaram-se a falar assim, tão banalmente. Primeiro que, hoje em dia, a palavra tornou-se tão comum que vocês nem sequer param mais para compreender seu significado. Carma, em sua essência, não é algo ruim. Carma é tão somente algo sobre o qual a pessoa deve aprender. Mas não externamente, superficialmente. Quando eu digo aprender, quero dizer realmente apreender o sentido daquela lição de vida, e a transmutação de um padrão de comportamento para algo melhor e mais esclarecido. O carma é a base desta transformação, se for bem aproveitado. O homem já se encontra num estágio de evolução em que muito pouco sofrimento seria necessário para sua reforma íntima, uma vez que mais e mais meios de estudo, desenvolvimento e aprendizado se fazem presentes na esfera física. O problema é que a maioria de vocês, quando ouvem de um guia ou mesmo de um guru qualquer que aquilo que sofrem hoje é efeito de algum carma, sentam-se conformados sobre o problema, esperando que as “dores” cessem. Na verdade seu posicionamento deveria ser bem o oposto – se a raiz do problema é cármica, então deveria-se buscar a compreensão, o aprendizado, e posteriormente, a transmutação desta energia gerada de maneira errônea no passado, seja ele recente ou longínquo. Não cabe mais ao homem moderno sentar-se sobre seus problemas esperando que o sofrimento lhe remova o carma pretérito. Entendam: a verdadeira transmutação de algo ruim em bom só acontece quando existe a real compreensão, em todos os níveis – mental, emocional, espiritual, físico – do porque aquele mecanismo foi disparado. Esta compreensão leva o Ser ao perdão de si mesmo e de seus irmãos de caminhada, pois que o real agente do carma é a própria consciência. Então, quando ouvirem “fulano sofre porque numa outra vida fez isso ou aquilo”, pensem – qual aprendizado esta criatura está retirando deste sofrimento? Ele está despertando para a Verdade? Porque, se a resposta for negativa, seu sofrimento será, em muitos casos, vão.

Depois lembrei-me que Seu Pena Branca, durante o atendimento de ontem, repetiu as palavras de Jesus dizendo: “Conhece a verdade, e a verdade te libertará”. Meditei sobre as palavras de Seu Pena Branca e hoje resolvi visitar a internet a respeito do significado da palavra carma:

Carma ou karma (do sânscrito, traduzido como Karmam, e em pali, Kamma, “ação”) é um termo de uso religioso dentro das doutrinas budista, hinduísta e jainista, adotado posteriormente também pela Teosofia, pelo espiritismo e por um subgrupo significativo do movimento New Age, para expressar um conjunto de ações dos homens e suas consequências. Este termo, na física, é equivalente a lei: “Para toda ação existe uma reação de força equivalente em sentido contrário”. Neste caso, para toda ação tomada pelo Homem ele pode esperar uma reação. (…) Dependendo da doutrina e dos dogmas da religião discutida, este termo pode parecer diferente, porém sua essência sempre foca as ações e suas consequências.

Esta definição está na Wikipedia, e já percebemos que a admoestação de Seu Pena Branca com relação à falta de ação das pessoas quando o assunto é cármico, é bem acertada – carma quer dizer ação. Cabe a nós gerarmos a reação correta que anulará a ação pretérita equivocada.

Mas não é só isso. O budismo foi quem introduziu a palavra em primeiro lugar, e olha só a real definição de carma para eles (o grifo é meu):

No budismo, Kamma ou Karma é a palavra para “ato” ou “ação” e, nesse sentido, usa-se a palavra em textos mais antigos para ilustrar a importância de desenvolver atitudes e intenções corretas. Considera-se que por gerar carma os seres encontram-se presos ao samsara, e portanto a última meta da prática budista é extinguir o carma.

Viram? A meta do budismo é extinguir o carma, e não ficar sentado esperando que ele seja transmutado sozinho. E tem mais:

Alguns movimentos esotéricos costumam falar em karma no sentido de “conjunto de deméritos acumulados” e em dharma como “conjunto de méritos acumulados” (portanto o contrário de karma). Essa terminologia não é consistente com o uso tradicional das religiões orientais, principalmente porque Dharma significa ensinamento ou verdade em vez de mérito ou virtude.

Interessante né? Quanto mais eu leio, mais percebo o quanto eu sou mesmo ignorante das verdades eternas.

Namastê!

Feliz Dia Internacional da Mulher

Hoje é Dia Internacional da Mulher. Ele foi outorgado primeiramente na Rússia, sendo considerado por muitos como o estopim da revolução soviética.

Mas eu queria deixar aqui registrado o meu parabéns a todas nós. E, ao contrário do que muitas propagandas, versos e canções dizem, eu não concordo com esse estereótipo de mulher-símbolo-máximo-do-amor. Essa coisa de mulher-bibelô, mulher-sexo-frágil-que-é-forte.

Vamos aos fatos – a mulher foi submetida ao homem no mundo todo por um motivo único: nós éramos símbolo de poder e sabedoria. Novas filosofias, como a da Igreja Católica Apostólica Romana, e do Islamismo moderno, puseram fim a tudo isso por algo muito simples – medo.

O mundo masculino passou a ter medo da mulher-sacerdotisa. Como dominar e submeter a mulher-guerreira? A mulher que é capaz de assumir tantos papéis na sociedade, como médica, amante, mãe, professora, religiosa, curandeira, e ser bem-sucedida em todos eles?

Sem querer ofender, mas vocês já viram um homem cuidar de míseras duas tarefas ao mesmo tempo sem se confundir? A BBC de Londres fez um estudo sobre o assunto – montaram um cenário, uma sala, que tinha máquina de xerox, telefone sem fio, fogão de duas bocas, papel e caneta.

Colocaram um rapaz dentro da sala e disseram a ele que ele tinha que tirar dez cópias de um relatório de uma página. Enquanto ele tirava as cópias, o telefone tocou, e ele sabia que tinha que atender e anotar o recado. Ele se perdeu, caíram os papéis ao chão, ele atendeu o telefone mas já haviam desligado. Nisso, tocaram a campainha. Coitado ficou mais perdido que cego em tiroteio, porque a chaleira no fogão começou a apitar. Acabaram-se os cinco minutos do teste, e a água continuava fervendo e apitando, as cópias todas jogadas ao chão, e a porta ele nem conseguiu abrir!

Tentaram o mesmo experimento mais duas vezes com outros rapazes. Todos falharam, sem conseguir cumprir quase nenhuma das tarefas.

Nem preciso dizer que as moças fizeram tudo sem nem suar, né?

Depois, explicaram que o cérebro feminino tem milhares de conexões (dois ou três feixes de nervos) entre o lado esquerdo e o direito, o que nos possibilita mandar e receber informações muito mais rápido que eles, que possuem uma única ligação entre os dois lados.

Ou seja, fisicamente podemos ser menores, muscularmente mais fracas. Mas nosso cérebro funciona melhor, nosso corpo resiste muito mais às doenças. Some-se a isso o fato de que o “sexto sentido” é basicamente feminino.

Então eu não gosto dessa ode ao amor e à mansidão femininas. A verdade é que historicamente nós sempre fomos sinônimo de força, perseverança, inteligência, compaixão.

Os tempos são chegados e o feminino deve novamente tomar seu lugar ao sol, lado a lado, com o homem. Não pela força e nem pela igualdade, porque nós não queremos isso: mas pela diversidade humana que presenteou-nos com tantas capacidades fantásticas e distintas das deles.

Salve todas as Mães Guerreiras! Salve todos os Tronos Femininos da Criação Divina! Salve todas as suas filhas encarnadas neste mundo!

Salve o tempo da Fé, a abundância do Amor, a sabedoria do Conhecimento, a temperança da Justiça, o direcionamento da Lei, a cura da Evolução e a Geração de toda a Vida!

Salve minhas irmãs de caminhada! Que o Pai Maior as abençoe hoje e sempre.

Axé!

Ditaduras

Lembro-me bem de uma aula de Urbanismo. Falávamos sobre as migrações do campo para a cidade, e os impactos daquela gente toda, despreparada, em meio ao “El Dorado” das grandes capitais. E em meio à teoria da aula, minha professora nos presenteou com um teorema interessante sobre as necessidades do homem, que dizia mais ou menos isso:

Primeiro o homem procura sobreviver, onde englobamos a alimentação e as necessidades básicas de eliminação de resíduos e de procriação. Nesse estágio, o homem é como o animal, e pode inclusive ferir e matar para conseguir a comida que o sustente ou o companheiro que mais o interesse. (Quantos milhões no mundo vivem nessa situação, satisfazendo somente suas necessidades básicas?)

Uma vez tendo satisfeitas e asseguradas essas necessidades, sabendo que não morrerá de fome durante os próximos dias ou coisa do tipo, o homem passa então ao viver, quando ele quer um teto sobre a cabeça e uma cama para dormir. E daí nascem os “morros”, as favelas, os sem-teto, os sem-terra, as caixas de papelão sob a ponte, os programas sociais do tipo “Minha Casa, Minha Vida”, COHAB, urbanização de favelas, etc.

E só depois disso o indivíduo passará a preocupar-se com o bem-estar – a geladeira nova, a TV de plasma, o carro novo, o computador, a internet rápida, roupas, sapatos, cortes de cabelo, jóias.

Como dizia o filósofo, “nem só de pão vive o homem”… e eu completo: mas quando este lhe falta, nada mais o interessa.

Por isso governos no mundo inteiro não têm interesse real na eliminação da pobreza, da miséria, da ignorância – gente com fome é gente dominada. Gente com medo é gente cominada. Gente ignorante é gente dominada. Essas pessoas não têm tempo, nem condições, de se preocupar com nada mais além de alimentar a si e aos filhos, que normalmente são numerosos (uma vez que procriar faz parte das necessidades básicas, certo?), e sobreviver.

Ditaduras no mundo todo vivem disso. Até as silenciosas, como aquelas mascaradas sob a égide do apelo divino.

Nessa série de lutas diárias pela sobrevivência, e depois pela manutenção de “padrões de vida”, inúmeras são as preocupações… mas raramente o homem lembra de si como co-autor da realidade circundante ou, em outras palavras, como seres imortais.

Um bom exemplo é o pensamento instituído basicamente pela Igreja Católica Apostólica Romana, que possui grande parcela na instauração desta realidade. Ao separar o homem de seu Criador, instituindo dogmas e ritos para acesso a Ele, o pensamento católico criou milhões e milhões de “dependentes”.

Tome-se os povos identificados como Celtas, por exemplo, que viviam nas regiões do norte da Europa. Extremamente prósperos e muito hábeis nas artes e nas ciências, cultuavam a natureza e desconheciam o fator “pecado”. A sexualidade era algo normal, inerente ao ser humano, e nem por isso promíscua. O divórcio era instituído e ninguém era obrigado a estar com alguém sem que esta fosse sua vontade. Mulheres e homens tinham igualdade de direitos, e os delas muitas vezes suplantavam os deles.

Acreditavam na vida após a morte e no fato de que “aqui se faz, aqui se paga”. Crendo serem responsáveis por cada um de seus atos e palavras, procuravam não prejudicar o próximo, pois sabiam que, um dia, deveriam ressarcir a “dívida”. E eram guerreiros destemidos justamente por isso também, pois não temiam a morte.

E então o mundo católico invade aquela sociedade, criando papéis antes desconhecidos, erguendo templos, criando a figura do sacerdote como “atravessador” entre o indivíduo e Deus que, agora, deve passar a ser único. Instituem o pecado, Satanás, e taxam de demoníaco tudo aquilo que poderia vir a desmenti-los enquanto autoridades máximas da “espiritualidade”.

Assim extingue-se a comunicação com os seres da natureza e com os espíritos dos mortos. E pouco a pouco todo o mundo ocidental se separa de sua origem divina e põe nas mãos do Papa, ou de alguma outra “autoridade espiritual”, sua salvação no além-túmulo, como se uma única pessoa pudesse reverter o carma de milhares com simples orações “da boca pra fora” e pagamentos em dinheiro.

Ou seja: um povo que tem suas necessidades satisfeitas nem sempre é um povo que evolui de maneira livre e respeitosa, infelizmente.

E quando dizemos que ter acesso à informação é algo a que todos deveríamos ter direito, deveríamos primeiro, e sobretudo, buscar a informação que vem de dentro, da Fonte. Só ela pode realmente criar povos democráticos, onde cada um responde por seus atos.

O acesso à internet, à informação e à tecnologia criam revoluções sangrentas e, muitas vezes, necessárias. Mas só a descoberta de si como ser imortal pode realmente transformar toda essa “massa de manobra” em seres despertos e livres.

Acendam a chama e iluminem o mundo!

Namastê!

O pote no fim do arco-íris

Me considero alguém de pensamento, até certo ponto, livre. Digo até certo ponto porque, muitas vezes, sou teimosa. Mas por ter a Lua e o Ascendente em Gêmeos, costumo fazer analogias e vincular termos e teorias muito rápido. Como diz meu Mapa Natal, eu consigo transformar o pensamento abstrato em algo paupável em questão de segundos.

E isso é bem verdade mesmo. Talvez por isso tenha trabalhado durante anos desenvolvendo atas de reunião com 30-40 pessoas falando ao mesmo tempo, e normalmente em 3 línguas diferentes! Ninguém entendia como eu conseguia fazer aquilo… e eu nunca consegui explicar, até ler meu Mapa Natal, claro…rs…

 

Bom, mas eu estou aqui para falar de algo que me ocorreu durante uma conversa no café, lá na empresa – conversa despretensiosa sobre arco-íris, gnomos e potes de ouro…

Reza a lenda que, ao fim do arco-íris encontra-se um pote cheio de ouro guardado por duendes. Os duendes são seres infantis, encantados, muito ligados à terra e à natureza. Normalmente vestem-se de verde, e podem fazer crescer as plantas, desabrochar as flores, jogar água e, principalmente, dão uma sorte danada.

Essa é a tradição foi passada oralmente, com origem na Europa dos Irlandeses, e nos parece totalmente fantasiosa, embora linda, não é mesmo?

Mas vejam só que interessante: na África dos Yorubás e Nagôs, existe um par de Orixás que rege a renovação e o nascimento. São eles Oxumaré, também conhecido como O Arco-íris Divino, e Oxum, a mãe amorosa, dona da prosperidade e da riqueza. Sob a proteção desse par de Orixás estão os Erês – seres encantados de forma infantil, muito ligados à natureza, ao renascimento, à alegria, e à renovação. Quando incorporados esses seres transmitem a doçura da primeira infância, conversa com vozinhas estridentes, normalmente gostam de balas, doces e guaraná, e fazem maravilhas com qualquer consulente.

Mas, por favor, não estou dizendo que erês e gnomos são a mesma coisa! Só estou verificando a similaridade de tradições. E agora eu me pergunto: como pode uma mesma tradição oral ser passada, de formas diferentes mas com a mesma base, no norte da Europa e no sul da África?

Em todas a partes do mundo existem panteões de divindades com as mesmas características, mudando somente seus nomes. São as mesmas tradições na Índia, na África, na Europa, na América dos índios. Mudam os modelos de culto, mas a base permanece a mesma.

Então antes de dizer que isso ou aquilo é misticismo bobo, de quem não tem instrução, vamos primeiro pesquisar as bases de tudo isso. E vamos de uma vez por todas compreender que a Vida é muito mais do que sonha nossa vã “filosofia”.

Como diria Sócrates* – só sei que nada sei.

Ou, como diria Drummond:

O mundo é grande

“O mundo é grande e cabe nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.”

Carlos Drummond de Andrade

*Quer ler um romance incrível sobre sua preparação iniciática antes de encarnar como o grande filósofo grego? Leia “O Domínio dos Sentidos da Vida”, de Rubens Saraceni. É magnífico!

Tempo bom é aquele que não me faz suar!

Rs… é isso, ainda estou rindo do post que recebi hoje por email, do Marcelo Amaral no Café Brasil. Pela primeira vez eu vi alguém descrever aquilo que eu penso com exatidão a respeito do calor. Marcelo acertou na mosca.

Explico: eu não entendo esse povo que diz que o clima está bom quando faz 34 graus à sombra e o sol está de rachar. Aliás, devia ser proibido fazer um calor desses em qualquer parte do mundo, a não ser que você esteja de biquíni à beira-mar… e ainda assim só se tiver uma brisa constante e geladinha para amenizar.

Tem coisa mais legal do que aquele dia friozinho? As pessoas se vestem melhor, as moças todas de bota, casaco, saia longa… chiquérrimo! E os rapazes? Tem coisa mais bem-vinda para a estética masculina do que um terno bem posto? Eu não conheço.

E digam-me, com sinceridade: quem, em sã consciência, consegue pensar num rala-e-rola se o parceiro está suando em bicas? Hein? Hein? Alguém?

Pois é…

Chocolate quente, cafezinho, pão de queijo, chocolate meio amargo, pizza, talharim, vinho, sorvete… tudo fica mais gostoso se o tempo estiver mais próximo do zero grau do que dos trinta. Aliás, eu queria viver igual a tia do meu marido, que passa 6 meses aqui no Brasil e 6 meses na Espanha – só que ela corre atrás do verão, e eu ia viver de outono e inverno. Só quando tirasse férias procuraria a piscina, o sol e o mar… ah, que delícia!

Outra coisa interessante, que o Marcelo também notou e que eu já havia conversado com uma amiga durante uma viagem que fizemos a Porto Rico – todos os países mais desenvolvidos são mais frios. E lá todas as pessoas são mais civilizadas, principalmente os homens com relação às mulheres. Nós conversamos isso na época porque estávamos no terraço do hotel, depois de um dia inteiro de trabalho, e um funcionário passou por nós e se achou no direito de dizer umas gracinhas e de nos chamar para sair. Foi grotesco.

Aliás, passei por situações similares no Rio de Janeiro e em Brasília… não entendo como, mas sei que a “tropicalidade” afeta a testosterona e o senso de ridículo das pessoas, mas especificamente, dos homens.

O cabelo gruda, a roupa molha, trabalhar fica difícil, comer também, que dirá namorar. Quem usa transporte público sofre em dobro nessa época, e os temporais de verão destroem qualquer possibilidade de locomoção e, depois que passam, só abafam mais o tempo.

Ou seja, tempo bom para mim é quando está abaixo dos 15 graus. Nada mais gostoso do que sentar para tomar um café e conversar com a chuvinha fina lá fora, e aquele sentimento acolhedor do calorzinho da xícara entre os dedos… ai, ai…

Bom, é isso. Marcelo, concordo em gênero, número e grau. 😉

Modelos de pai

Eu me lembro que minha filha, recém-nascida, virava a cabecinha na direção da voz do pai. Acostumada a ouvi-lo falar muito próximo à minha barriga enquanto era gestada, reconhecia e buscava o pai sempre que o ouvia falar.

Hoje, lendo uma isca intelectual do site Café Brasil, em que Andre Bressan perguntava para que servem os pais, fiquei matutando… é mesmo, para que eles servem?

Porque todo mundo fala de pré-natal, amamentação, cesárea, parto natural, parto normal, doula, traumas pós-parto, etc. Mas eu nunca vi nenhuma campanha em prol da paternidade participativa. Pergunta: quantos pais vocês conhecem que realmente dividem de igual para igual com as mães a criação de seus filhos? Mais que isso: quantos homens vocês conhecem que tem consciência de sua importância no papel de pais?

Meu pai

Um pouco sobre a minha experiência como filha de um pai despreparado (na minha opinião):

Nós éramos muito apegados enquanto eu era criança, ou seja, enquanto eu via nele o “super-herói”.

Quando a puberdade chegou, e eu passei a enxergar defeitos, tudo ruiu. Meu pai não foi um exemplo de homem. Não dividia os trabalhos em casa com minha mãe, embora ambos trabalhassem fora, e quando dividia, fazia tudo com mau-humor, reclamando.

Era machista ao extremo. E a diferenciação que ele fazia entre aquilo que era lícito para sua filha, e aquilo que seu filho tinha direito, era gritante. Por muito tempo meu pai tratou meu irmão na “sola da bota”: achava que, ao tratá-lo com violência, faria dele um macho de verdade. Meu irmão, espírito extremamente sensível, mostra até hoje as marcas emocionais deste tratamento. E eu, que sempre fui muito mais combativa que meu irmão, era recriminada porque eu não sentava direito, porque menina não faz isso ou aquilo, etc.

Resultado, eu desafiava. E o que é pior: sempre fui muito boa com as palavras. Como as argumentações dele não tinham base, ele gritava, e me batia (sim, nas décadas de 70 e 80 não era crime um pai bater em seus filhos). Foram anos infernais aqueles. Nós dois vivíamos em conflito, ora porque eu defendia meu irmão, ora porque eu defendia minha mãe (que ele traía e abandonava noites sem conta), ou porque eu me defendia.

Muitas vezes ouvi meu pai dizer que minha mãe estava me criando errado e que com toda a liberdade que ela me dava eu certamente me tornaria uma puta. Também o ouvi dizer muitas vezes que minha mãe era muito mole com meu irmão, e que por isso ele viraria bicha.

Gritarias eram constantes, nada se resolvia através do diálogo porque uma vez que alguém discordasse dele, o orgulho e a raiva tomavam conta e a conversa terminava ali. Depois ele sentava-se no sofá na frente da TV ou saía de casa batendo a porta, para voltar de madrugada.

Por muitos anos eu vi minha mãe chorar escondido. Vi minha mãe envelhecer a olhos vistos. Senti muita raiva. Uma raiva absurda, eu queria sumir com aquele homem. Vocês sabem o quanto dói numa filha ver sua mãe chorar? Então sabem do que eu estou falando…

Depois veio a maturidade, eu comecei a trabalhar, entrei na faculdade, casei. Nesta época, “expulsei” meu pai de casa. Ele já tinha outra há certo tempo, tudo o que eu fiz foi dar o ultimato. E então eu finalmente tive paz. Pelo menos nessa área de minha vida. 🙂

Marcas

  • Com este exemplo de pai, é normal que hoje eu tenha horror a gritaria.
  • Não gosto de homem que se acha machão, e raramente peço ajuda ao sexo masculino.
  • Nunca quis me casar, e até hoje não sei o que me deu para entrar de cabeça naquele primeiro casamento (Freud explica).
  • Não lido muito bem com homem dentro de casa, principalmente se o cara for do tipo que não lava prato, ou fica grudado na TV vendo futebol. Prefiro que cada um tenha o seu espaço. Evito me sentir ultrajada com esses comportamentos que, eu sei, ainda são típicos da banda masculina. E assim eu preservo a relação.
  • Não gosto de depender de homem nenhum, principalmente na área financeira.
  • Não suporto homem fraco, que não tem opinião própria, ou que não sabe dialogar e explicar seu ponto de vista de maneira inteligente e educada.
  • Não ligo a mínima para traição. Se o cara quer pular a cerca, problema dele. No dia que eu fico sabendo, sumo. Não tem conversa – falta de respeito comigo não rola.
  • Fora outras coisas que devem estar “debaixo do tapete” e que eu ainda não identifiquei, mas provavelmente exteriorizo sem perceber.

Modelos

Então, na minha opinião, os pais servem de modelo:

  • Modelo de conduta perante a vida.
  • Modelo de força e inteligência.
  • Modelo de elegância (os olhinhos da Belah brilham quando vê qualquer um de nós dois arrumados para sair).
  • Modelo de delicadeza e educação.
  • Modelo de espiritualidade e fé.
  • Modelo de justiça e lealdade.
  • Modelo de civilidade, acima de tudo.

Ou seja, o pai serve para tudo aquilo que a mãe também serve, guardadas as devidas proporções. Se o pai não pode amamentar porque não possui glândulas mamárias, ele pode alimentar seu filho através de mamadeiras.

Trocar fraldas. Brincar junto.

Manter a calma durante aquelas birras homéricas, assim dando o exemplo de controle emocional que a criança ainda não tem.

Aplicar os castigos com moderação, para que a criança seja educada, e não punida.

Educar seus filhos com igualdade, sabendo que o papel da mulher na sociedade é o mesmo do homem.

Apoiar suas iniciativas, provendo suporte emocional e material, sempre que necessário e possível.

Lembrar-se que o seu cansaço após um dia de trabalho também é o cansaço de sua companheira, mesmo que ela trabalhe somente em casa. A criança percebe isso, e se ela inferir que a mãe sofre por conta da sua preguiça, você se ferra.

Enfim, o pai serve para dividir a educação e a formação dos filhos, com igualdade. E serve como suporte à mãe gestante, durante uma fase em que nos encontramos extremamente vulneráveis, tanto fisica quanto emocionalmente.

Pai serve para tudo isso, e muito mais… falta alguém lembrá-los disso diariamente. 😉

E se houvesse mais educação?

Enquanto escrevo essas linhas, ouço Celtic Woman, no DVD Songs From The Heart. A música é The Call, e foi minha filha, de um ano e onze meses de idade que veio até aqui pedir-me que colocasse “as moças” para cantar.

É um show ao vivo, na Irlanda. O cenário é belíssimo, assim como as músicas, a interpretação, a iluminação, o figurino. Ninguém pelado, ninguém rebolando a bunda. Nenhuma das músicas têm mensagens dúbias sobre sexo, violência, drogas. Todas falam de amor (à pátria, ao outro, de mãe), superação, felicidade. As vozes são magníficas e foram treinadas desde muito cedo, através do canto lírico, para que atingissem seu melhor. São mulheres lindas, embora de todos os padrões – gordinhas, magras, cabelos escuros, ou claros. Nenhuma me parece ter se preocupado com plásticas ou coisas assim, pois estão ali apresentando suas vozes, sua arte, nada mais.

A música preenche o ar e é bonito ver, naquele frio que parece fazer no dia em que foi gravado, crianças de colo, embaladas por suas mães, assistindo a um espetáculo como aquele. Como deve ser bom fazer parte de um povo educado, não é mesmo? Um povo que tenha gostos mais refinados, menos funk, mais Vivaldi. Menos Bruna Surfistinha, mais Jane Austen.

Como deve ser bom fazer parte de um país que incentiva a cultura, a leitura, a educação. Não estou dizendo que a Irlanda é perfeita ou coisa parecida. Tenho amigos morando lá, e sem que nem tudo é perfeito. Assim como já estive também em muitos lugares no mundo.

Mas quando vejo algo assim, eu fico imaginando o que o Brasil poderia ser. Meu Deus, já imaginaram? Se tivéssemos 100% de nossa população alfabetizada, com moradia e atendimento médico de qualidade. Se a profissão do professor fosse a mais importante no país – afinal de contas, sem ele, nenhum outro profissional existiria. Como seria bom ter um governante que soubesse a importância de se ter um povo “desperto”, ativo, trabalhador e, principalmente, educado.

Eu espero um dia ainda ver meu país assim. Porque eu infelizmente tenho que concordar com aquela piadinha que diz mais ou menos assim:

São Pedro estava debruçado sobre o mapa do mundo, decidindo onde cada desafio seria colocado. Um de seus ajudantes se aproxima e pergunta o que ele está fazendo.

[São Pedro] – Estou distribuindo os “desafios” do mundo.

[Ajudante] – Como assim, senhor?

[São Pedro] – É simples… está vendo aqui, esta ilha? Vou por um vulcão aqui, que entrará em ebulição de tempos em tempos. Já aqui, no continente, desenhei uma falha geológica, para lembrar essas pessoas do quão transitória é a vida material…

E assim São Pedro continuou. Vendo que nada havia sido colocado sobre o Brasil, o ajudante pergunta:

[Ajudante] – Senhor, e aqui, o senhor deixará esta terra sem desafios? Será o paraíso na Terra?

São Pedro deu uma risadinha de canto de boca e respondeu:

[São Pedro] – Não, não… você vai ver o “povinho” que eu vou colocar ai…

É, minha gente, só rindo mesmo. Um dia a gente chega lá.

7 de Setembro, Independência do Brasil!

Minha filha, com um ano e dez meses de idade, cismou que quer uma bandeira do Brasil, uma bola do Brasil e uma camisa do Brasil. Juro, não estou brincando. Assim, do nada. Ela viu a bandeira uma vez, e a avó disse para ela que aquela era a bandeira do Brasil. Foi o que bastou. Nunca mais esqueceu. E fala todos os dias que quer a tal da bandeira, a bola e a camisa. A copa já terminou, mas ela continua numa vibe verde-e-amarela.

Sabe o que é pior? Não tem. Quer dizer, deve ter lá nas lojas do centro da cidade, mas baixar do Itaim até o centrão só para comprar os 3 itens, não rola. Tenho verificado nas lojas de shoppings, de rua… nada.

Se eu estivesse nos EUA provavelmente teria uma bandeira hasteada na entrada de casa. E motivos “bandeirescos” em vários cômodos. Mas aqui, não. Aqui você simplesmente não consegue comprar uma camisetinha verde e amarela para sua filha pequena porque não tem. Nem mesmo na Semana da Pátria!

Recordar é viver

Quando eu era criança, nós hasteávamos a bandeira, junto com os recrutas do exército, na praça central da cidade (de pouco menos de 200 mil habitantes, verdade) todas as quartas-feiras. Tínhamos TODOS os hinos nacionais impressos nas últimas folhas de nossas cadernetas de presença. E tínhamos que saber cantar todos eles. Era considerado uma vergonha você não saber, por exemplo, a letra do hino à bandeira de cor. Quem lia a letra eram os pequenininhos, que ainda estavam aprendendo. Depois do primeiro, segundo anos, a gente tinha que saber de cor.

E dia 7 de Setembro tinha desfile. O 6º Batalhão de Infantaria do Exército, sediado em minha cidade natal, Caçapava, desfilava todo o seu poderio de guerra na avenida central da cidade. E o palanque principal era armado em frente ao colégio onde estudei todo o primário e ginásio. Nós desfilávamos também – eu sempre carregava a bandeira do Brasil ou do Estado de São Paulo, porque era bem alta para minha idade. Ficava feliz com isso, devo dizer.

Muitas vezes convidados de fora também vinham participar do desfile – o Batalhão de Infantaria Aérea do Exército (helicópteros), sediado em Taubaté; os cadetes da aeronáutica, sediados no Centro Tecnológico Aeroespacial (CTA) de São José dos Campos; os cadetes da Escola Militar de Engenharia (EME), sediada na Praia Vermelha, Rio de Janeiro; os cadetes da AMAN – Academia Militar das Agulhas Negras, lindos em seus uniformes negros; tropas especiais como boinas verdes e boinas azuis; e, se tivéssemos sorte, até mesmo os cadetes da Escola de Infantaria Naval de Santos nos prestigiavam com sua visita e com seus belos uniformes braquíssimos. Era tudo muito bonito, muito organizado, muito marcial.

Onde foi parar tudo isso?

Sim, foram dias em que eu quis, inclusive, fazer parte de tudo aquilo. Depois desisti da idéia da carreira militar, mas isso não quer dizer que eu tenha perdido o apreço e a admiração por todos aqueles homens e mulheres impecavelmente vestidos que visitavam minha cidade nas datas comemorativas nacionais.

Talvez isso tudo tenha insuflado em mim um saudosismo bobo. Mas explico: eu estudava todas essas datas comemorativas numa matéria chamda Educação Moral e Cívica. Será que as crianças de hoje sabem o que é isso? Na época era uma matéria que nós achávamos até certo ponto chata, mas hoje eu vejo o quanto ela ajudou na minha formação de caráter. Foi durante essas aulas que eu aprendi que queimar a bandeira nacional, ou utilizá-la para cobrir-se enquanto perpetua atos, digamos, reprováveis, é crime. Mas acho que ninguém liga né?

Enquanto eu escrevo essas linhas, o Hino à Bandeira Nacional toca na minha cabeça… então eu deixo vocês aqui com o hino e alguns links interessantes. E se alguém souber onde eu compro uma camisetinha verde e amarela para a minha pitica, avisem, por favor. 🙂

LETRAS:

MÚSICAS:

CURIOSIDADES:

Descaso total com o consumidor

Acabei de subir nas tamancas com a Telefónica.  E acabei de abrir um novo chamado contra a prestadora na ANATEL.

No dia 19 de Agosto a Telefónica me liga, no meu celular, às 21:45, e me informa que a conta foi postada via SEDEX. E a atendente me deu o código de rastreio novo. Pois bem, hoje eu entro no site dos correios para rastrear a tal da conta. E novamente o site informa que a conta foi enviada para o endereço errado!

E lá se foi minha conta para o endereço errado... de novo.

Não agüentei (desculpem, não sei viver sem trema). Liguei lá e disse que se a conta não chegar em casa até sexta-feira, dia 27/08, eu entro com um processo de danos morais contra a prestadora. Vou pagar essa conta em juízo e deixar rolar o processo. A atendente novamente me pede meu endereço atual. Eu respondo, fula da vida. Ela, calmamente, me diz que a conta será reenviada e que eu devo aguardar mais 7 dias úteis! Ah, vá se f…!

Sendo assim, novo chamado aberto na ANATEL. E já pedi a intervenção da minha cunhada, que é advogada. Cansei. 😦

Agruras de mãe

Cena: Belah e eu entrando na loja Saraiva do Brascan no Itaim. Belah na frente, disparada, eu correndo atrás, empurrando o carrinho.

Para quem não conhece a loja, eles têm um micro mini espaço infantil com uma estante cheia de livros e uma mesinha com quatro cadeiras em madeira pintada de branco. As cadeiras são pesadas, e quando você arrasta a cadeirinha no chão de porcelanato, faz aquele barulho característico.

Muito bem, era sábado, estava frio, e a loja estava vazia. Belah entra correndo e resolve empurrar uma das cadeirinhas, que fez um barulho estrondoso.

[Belah, rindo] – Ahahaha… peidô! Peidô!

[eu, rezando pra que ninguém tivesse ouvido aquilo] – Filha, não é nada disso… a cadeira faz barulho quando arrasta…

[Belah, ainda rindo e falando alto] – Peidô!

Eu fingi que não tinha ouvido, mas um casal que acabava de entrar no setor de CDs, do lado de onde nós estávamos, riu até não poder mais. Peguei o primeiro livrinho de história infantil que eu achei e me enfiei dentro dele… 😀